Prevenção do câncer de ovário

 Prevenção do câncer de ovário

Queridos leitores, já estamos em Março! Aqui no Reino Unido esse é o mês escolhido para a conscientização sobre o câncer ovário, que é a segunda neoplasia ginecológica mais comum, ficando atrás somente do câncer de colo uterino. Esse é um tipo de câncer que pode ser silencioso, ou pouco sintomático e quando diagnosticado, em muitos casos, já está avançado.
Por isso a coluna desse mês será dedicada a fornecer informações sobre essa doença, afinal a informação é o primeiro passo para que possamos desconfiar de que alguma coisa não vai bem e, dessa forma, procurar ajuda precoce.
Primeiramente, vamos aos números- No ano de 2020, 313 959 mulheres foram diagnosticadas com câncer de ovário em todo o mundo e 207 252 morreram da doença. No Brasil foram 6650 diagnósticos, quanto ao número de mortes, só temos dados de 2019 quando ocorreram 4123 mortes pela doença.

Quais são os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de ovário?

  • Idade: o risco aumenta com o passar da idade;
  • Excesso de peso;
  • Não ter tido filhos;
  • Endometriose;
  • Infertilidade: porém o risco parece não aumentar com as terapias de indução da ovulação;
  • Primeira menstruação antes dos 12 anos e última menstruação após os 52 anos;
  • História familiar de câncer de ovário, colorretal e de mama, Mutações genéticas como BRCA1 e BRCA2.

Existe algum fator de proteção contra o câncer de ovário?
Sim! A chance de desenvolvimento do câncer de ovário é menor nas mulheres que utilizam pílulas anticoncepcionais, naquelas que tiveram vários filhos, nas que foram submetidas à laqueadura tubária ou à retirada das trompas bilateralmente.

Existe exame para rastreamento do câncer de ovário?
Primeiramente, é importante deixar claro o que exames de rastreamento são aqueles realizados na população em geral com o objetivo de detectar uma doença antes que ela cause qualquer sintoma. Dois bons exemplos de exames de rastreamento são a mamografia e o exame preventivo do câncer de colo de útero. Eles são realizados na população geral, com o objetivo de detectar uma doença em estágios iniciais ou pré- malignos, diminuindo, assim, a taxa de mortalidade pela doença.
Muito tem se estudado sobre exames para rastreamento do câncer de ovário, mas infelizmente, ainda não temos nenhum exame eficaz.

Então como diminuir a taxa de mortalidade pelo câncer de ovário?
Através do diagnóstico precoce! Somente 20% dos cânceres de ovário são diagnosticados em estágio inicial. Quando a doença é descoberta no início a sobrevida em cinco anos chega a 94%, nos estágios mais avançados ela cai para menos de 50%.

E como fazer o diagnóstico precoce do câncer de ovário?
Nem sempre o diagnóstico precoce é possível, pois muitas vezes os sintomas só aparecem quando a doença já se encontra em fases mais avançada, além disso os sintomas não são específicos e muitas vezes são negligenciados ou confundidos com outras doenças. Portanto fique atenta, se você apresentar dor e aumento do volume abdominal, alterações na frequência urinária, perda de peso, perda do apetite, mudança do hábito intestinal, procure assistência médica.

É importante enfatizar que na grande maioria dos casos, esses sintomas não são causados por câncer. Contudo merecem ser investigados se não melhorarem em alguns dias.

Faça consultas regulares ao ginecologista e discuta com ele seus sintomas:
Durante o exame pélvico bimanual o médico apalpa o útero e os ovários para verificar o tamanho, a forma e a consistência. Esse exame pode ser útil na identificação de alterações nos órgãos reprodutores femininos, contudo, em caso de tumores iniciais de ovário, a suspeição da doença pode ser impossível até mesmo para o médico mais experiente. Exames complementares como o ultrassom e exames de sangue podem ser solicitados e são necessários na investigação diagnóstica.

Meu recado final é que você sempre esteja atenta aos sinais que seu corpo dá! Não deixe “pra lá”, algum sintoma que esteja persistente! Como já foi mencionado, os sintomas do câncer de ovário são muito inespecíficos e podem enganar tanto o médico quanto o paciente. Por isso, eu como médica, peço sempre aos meus pacientes, que retornem caso os sintomas não melhorem após o primeiro tratamento. No caso do câncer, o tempo é fundamental, quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de cura!
Se cuidem!! Até o mês que vem!!

Bibliografia
https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-ovario/profissional-de-saude
https://gco.iarc.fr/
https://observatoriodeoncologia.com.br/?s=ov%C3%A1rio

 

Por: Dra. Priscilla Sodré

Ginecologista-Obstetrícia, Mastologista. Médica credenciada pelo General Medical Council.

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