Invisibilidade da pessoa com deficiência: impactos na saúde mental

 Invisibilidade da pessoa com deficiência: impactos na saúde mental

Imagine o seguinte ciclo: “pessoas com deficiência, consideradas indivíduos invisíveis e somente dentro de casa. A partir disso, não são consideradas como parte de sua comunidade. Com a falta de pertencimento e participação, não há preocupação em conceder acessos que deveriam ser garantidos como um direito. Sem o acesso, a inclusão não consegue acontecer, e por consequência final, há uma discriminação e falta de conscientização em relação a atender determinadas demandas específicas”.

É sob essa lógica, do chamado ciclo de invisibilidade que as pessoas com deficiência ainda estão, mesmo representando, segundo o último relatório da Organização Mundial da Saúde, entre 15% a 20% da população mundial ou, numericamente, mais de 1 bilhão de pessoas. Mas o que essa informação sobre invisibilidade, tem a ver com saúde? Segundo a tese defendida por Marília Othero, em mestrado na Universidade de São Paulo, a perspectiva sobre à saúde da pessoa com deficiência vem sendo modificada ao longo dos anos, estando melhor relacionada a termos  como: “modos de andar a vida”,  à capacidade de escolha e autonomia quando possível, e menos ao diagnóstico e habilidades físicas ou funcionais. É por esse motivo que a saúde mental, tão considerada em tempos de pandemia por conta da necessidade de estarmos em isolamento social, é um item fundamental ao pensarmos em inclusão. Quando não se concede o acesso adequado, acontece a falta de acessibilidade em seu maior significado. E vai muito além da acessibilidade que está na arquitetura. Fazer parte dos espaços e ir contra as limitações físicas ou psicológicas impostas no dia a dia, a falta de inclusão social traz consigo outras barreiras: no âmbito social, o acesso ao lazer, à convivência. Na parte profissional, apesar das cotas obrigatórias, ainda existem vagas incompatíveis às reais capacidades, salários em sua maioria inferiores, e em outras áreas, como o acesso adequado à educação, saúde e até mesmo à informação. O estresse social e o isolamento forçado, agravado pela pandemia, mas que ocorre muito tempo antes, e como visto, em diversas outras circunstâncias que não apenas a doença viral, acarreta sentimentos como: a raiva, revolta, dificuldades de autoaceitação que podem levar a doenças como a depressão e outras condições psicológicas que afetem a saúde mental. Representatividade: a palavra-chave para a construção. Para mudar essa realidade, a representatividade é o primeiro caminho para ampliar os resultados. Em significado, ela é a “qualidade de alguém cujo embasamento na população faz que ele possa exprimir-se verdadeiramente em seu nome”. Basicamente, a possibilidade de se ver em sociedade ou em suas formas de retrato, como a mídia, as redes sociais, ou dentro da informação, pelo olhar da diversidade que todos representamos.

A ideia de incluir e de trazer a representatividade é de estar em todas as etapas do processo: desde a produção até o resultado final. Ao promover a igualdade é tratar a deficiência como característica, incluir é criar uma forma de comunicação que faz conquistar espaços nas mais diversas áreas e confere novas possibilidades para esse cenário.

Larissa Mariano