Habilidades Transferíveis

Já falamos em um momento anterior sobre como esses últimos anos modificaram a maneira como o mercado de trabalho aborda candidatos e seus próprios recursos dentro da empresa. Para complementar esse ângulo falaremos hoje sobre habilidades transferíveis, algo que curiosamente é mais difícil do que parece de observarmos sobre nós mesmos. 

Mas o que são habilidades transferíveis? Primeiramente vamos diferenciar as habilidades específicas e as de competência, as hard das soft skills. Habilidades específicas são aquelas que você adquire com processos e programas desenhados para isso, tais como saber trabalhar com Microsoft Office, AutoCad ou outro tipo de sistema. As habilidades de competências são aquelas que você adquire com o tempo e experiência. E aqui vale dizer que experiência é na vida, não só na carreira, o que faz uma diferença grande quando vamos listar nossas qualidades.

Por exemplo, para a maioria dos profissionais a habilidade de comunicar com clareza aquilo que se pensa é absolutamente essencial. Uma boa comunicação assegura que todos estejam trabalhando na mesma frequência, diminuindo possíveis falhas, desentendimentos e confusões e por conseguinte, aumentando a produtividade. Não é à toa que uma boa capacidade de comunicação é uma das qualidades mais procuradas entre os funcionários. Habilidades transferíveis permitem que você interaja melhor com colegas, supervisores e clientes, promovendo relacionamentos profissionais mais fortes, o que leva a oportunidades de desenvolvimento de carreira e papéis de liderança. À medida que você continua a adquiri-las seu desempenho no trabalho melhora, independentemente da profissão.

Você também pode adquirir habilidades transferíveis na universidade, durante um projeto comunitário, ao trabalhar em projetos pessoais, criativos ou como voluntário.

No nosso caso, os imigrantes, eu menciono sempre a maior habilidade de todas que sempre esquecemos, a adaptabilidade. Todos aqueles que saíram do seu país, do conforto da sua casa e da família, arriscaram uma vida nova num local onde até a língua é diferente. Que requerem uma grande dose de coragem e um poder de se adaptar às novas situações que irão aparecer. Essa capacidade vai ser refletida no seu trabalho, seja ele qual for. E qualquer um prefere trabalhar com uma pessoa adaptável a com uma pessoa que não tem flexibilidade alguma.

Aquele ‘jeitinho brasileiro’ nada mais é do que uma criatividade imensa para resolver problemas com pouquíssimos recursos, e qualquer recrutador ou gerente gostaria de ter essa ferramenta na sua equipe. Toda experiência é válida, pois ensinará alguma coisa. Se você está como faxineira, motorista, ou mesmo como mãe em tempo integral, você pode sim, listar as características de gestão do tempo, organização, confiabilidade, gestão de recursos (ou simplesmente gestão do caos).

Ao incluir habilidades transferíveis em seu currículo, na entrevista de emprego ou negociações, escolha aquelas que são necessárias ou benéficas para a situação em que você se encontra, lembrando que são características suas, aquilo que você ‘’traz para a mesa’’. E ao invés de listar suas tarefas de trabalho, você deve selecionar duas a três de suas realizações mais relevantes conectadas às suas habilidades. Isso ajuda a quem lê o documento ou ouve seu discurso a entender claramente como você é o candidato mais adequado para a posição.

As suas habilidades são suas, você não pode perdê-las. E serão a chave para o sucesso na sua vida profissional. 

Por: Thais Altgott

CEO e fundadora da Unique People Consult, e tem 20 anos de experiência com pessoas – sendo 10 no mercado britânico.

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