O Futuro do Recrutamento

 O Futuro do Recrutamento

Se você está à procura de um emprego, já deve ter percebido que algumas coisas mudaram e não são como costumavam ser. Entregando aqui a idade, na minha época, a gente colocava o currículo debaixo do braço e saia para bater de porta em porta, de empresa em empresa. Hoje encontramos um mundo cada vez mais moderno e em constante evolução. E nós temos que acompanhar essas mudanças.

Acredito que todos já vimos um perfil de LinkedIn ou um destes sites de “busca de emprego”, afinal são esses os canais mais comuns atualmente. Porém eu recebo todos os dias, dezenas de mensagens questionando estas e outras novas ferramentas que estão surgindo. Ferramentas que parecem ter vindo para ficar.

A mais famosa (e mais temida) é o ATS (Applicant Tracking System). Este sistema não é um ‘robô recrutador’ e tem a missão de facilitar apenas 5% do trabalho do recrutador. Ele não se influencia pela cor, consegue ler documentos PDF inteiros dos mais complexos e nem os sistemas de colunas dos currículos é capaz de confundi-lo. O que ele faz é recolher automaticamente os perfis dos candidatos no LinkedIn e de outras plataformas. Assim a inteligência artificial do sistema consegue classificar os candidatos de acordo com habilidades ou palavras-chave que estão sendo procuradas.

Outro sistema que tem crescido exponencialmente é o uso de “Assessments”, que nada mais é do que um formulário eletrônico de avaliação comportamental do candidato. Ele é construído com perguntas que avaliam a personalidade do candidato, onde este, tem que marcar sua “preferência” em determinadas situações, concordando ou discordando delas. Esses formulários surgiram primeiro para avaliar gerentes e cargos de maior responsabilidade, mas atualmente são utilizados em todas as fases da contratação.

O uso de inteligência artificial traz 90% mais eficiência no processo, e além dos programas já mencionados existem também aplicativos para entrevistas remotas. Após a pandemia do COVID19, uma significativa parcela do processo de seleção é feito online ou virtualmente, pois também existe uma carência de profissionais qualificados na área de RH.

Empresas que utilizam as entrevistas em vídeo, onde o candidato tem que submeter suas respostas através de um aplicativo ou de uma gravação, afirmam que este formato reduz o processo de triagem de três semanas para até 48 horas e também reduz o tempo em que a contratação é efetivada.

Nem mesmo as mídias sociais escapam. O Instagram por exemplo se tornou bastante utilizado, e sua popularidade entre recrutadores cresce a cada dia. Este ano 37% dos recrutadores usam ou já usaram a plataforma, número que era 18% em 2017. Mesmo com toda essa modernização, a prioridade dos recrutadores está em melhorar a qualidade dos recrutamentos, pois muitas empresas focam não só em melhorar o ambiente interno de trabalho, mas em oferecer uma experiência de contratação positiva para o candidato, diminuindo o tempo entre respostas e contratações, oferecendo feedbacks construtivos e uma integração mais focada nos objetivos comuns entre empresas e candidatos.

Entre as ofertas também estão bonificações por indicação, onde o empregado recebe um valor Y por cada pessoa que ele traz, motivando o engajamento de ambos. Além de valores em dinheiro também são oferecidos em alguns casos, dias extras de férias, doações para caridade e até mesmo viagens com todas as despesas pagas.

Este ano de 2022 serviu para sedimentar a necessidade de modificar o recrutamento, investindo em planejamento estratégico. Isso indica a necessidade de um plano detalhado, desde a criação e abertura da vaga, passando por uma descrição de cargo apurada, alinhada com objetivos e habilidades e até mesmo com o delineamento de um plano de carreira com diversos estímulos de desenvolvimento. Uma verdadeira administração do recurso humano como nunca feito pelas empresas.

Existe um grande foco em inclusão e diversidade que também tem aumentado, uma vez que se percebeu que são as diferenças que fortalecem uma equipe. Afinal, temos que considerar que no futuro muitas profissões deixarão de existir. Isso afeta diretamente a maneira como as pessoas são contratadas hoje. E convenhamos, que ninguém quer ficar pulando de cargo em cargo, e nenhuma empresa quer ficar recrutando de X em X tempo.

As empresas de hoje dão prioridade para as habilidades do candidato porque mais de 60% das crianças em escola primária trabalharão em cargos que ainda não existem.

Um exemplo dessa situação é a movimentação da Microsoft e da Meta. Existem vários artigos explicitando cargos e habilidades que serão importantes para trabalhar com o “metaverso”. Este novo mercado virtual estará em alta demanda de contratação em breve, e temos que ser rápidos na adaptação para esta realidade quando ela chegar. Empresas como estas mencionadas estão buscando candidatos ávidos por aprender, e que irão crescer ainda mais, junto com a empresa. Por tanto, as suas habilidades simplesmente importam mais.

 

por: Thais Altgott

CEO e fundadora da Unique People Consult, e tem 20 anos de experiência com pessoas – sendo 10 no mercado britânico.

@uniquepeopleconsult

TEL.: (+44) 7460 831475