ESTAÇÃO DE ST. PANCRAS E O PODER DE UM POETA!

 ESTAÇÃO DE ST. PANCRAS E O PODER DE UM POETA!

Você sabia que, além dos estudos e pesquisas, a forma que observamos e contemplamos o que está ao nosso redor também ativa nosso fluxo de ideias e eleva nossa criatividade? Vou ainda mais além: por que não descobrir a história desses lugares? Pode ter certeza, a experiência de visitar um local, tendo conhecimento da história dele, é muito mais emocionante. E quando estes espaços são ainda cenários de filmes e livros? Sabe aquela sensação de estar “dentro” de um roteiro do cinema? Simplesmente, arrebatador. Com esse intuito, o de incentivar as pessoas a contemplarem cada detalhe por onde elas passam, e levá-las a descobrir histórias, criamos a coluna “Crônicas do aqui e agora”.
Você está convidado (a) a “viajar” pela majestosa Estação de St Pancras Internacional, “A Catedral da Estações”; sem dúvida, a mais bela de todas, na capital inglesa. Ali estão as plataformas de onde saem os trens Eurostar, e uma riquíssima história iniciada na Era Vitoriana. A deslumbrante estação de tijolos avermelhados, com seu estilo gótico, foi inaugurada sem grandes pretensões: ligar Londres a outras regiões da Inglaterra, em 1868. A surpresa é vista logo na entrada, quando nos deparamos com a gigantesca estátua de Paul Day.

Em uma “alusão” aos inúmeros encontros e despedidas que ali acontecem, o monumento é denominado “The Meeting Point”: um casal abraçado dentro de um círculo que mostra cenas referentes ao cotidiano da estação; inclusive os trabalhadores que a construíram, e os soldados que serviram durante a Segunda Guerra Mundial.
E por falar em Guerra, ali está a demonstração da Função Social da Literatura, o poder da Literatura engajada. Como vários outros prédios, a “Catedral”, juntamente com St. Pancras Renaissance Hotel, estavam em decadência no período pós-guerra, prestes a serem demolidos. E, pasmem: foram salvos por um poeta! John Betjeman, poeta laureado (o posto mais alto que um poeta britânico pode alcançar), era também apaixonado por arquitetura e defensor do estilo vitoriano, mesmo quando este já estava fora de moda.

Como ele era membro e fundador da Sociedade Vitoriana, dirigiu uma campanha para que a estação e o hotel fossem preservados. Ele conseguiu! Devido a isso, uma estátua foi levantada em homenagem a ele, no centro da estação, piso superior.
E a ligação com a literatura e filmes não termina aí. O filme Harry Potter tem cenas marcantes ali. Quem assistiu, deve se lembrar de um carro preto sobrevoando aquele prédio majestoso; bem como a explosão de uma plataforma.

Na Estação de Kings Cross (que está coligada à St Pancras) hoje está a tão famosa “plataforma 9.3/4”, que também é parte deste mesmo filme. É incrível como os britânicos fazem questão de incentivar a cultura, a literatura, o cinema; e preservam ali aquela plataforma, com toda a verossimilhança que precisamos!

Assim, uma simples passagem para pegar um metrô ou mesmo um trem internacional, transforma-se em um mundo mágico, onde a Arte tem seu lugar. Mas é preciso ter olhos para enxergar, disposição para contemplar, emoção para viver o tão falado “poder do agora”. Em um mundo definido cada vez mais na Era Digital, perceber e descobrir histórias faz toda a diferença.

Como contá-las se não soubermos, sequer, percebê- las? Pode acreditar, 90% das pessoas que passam por ali, todos os dias, não fazem ideia dessa história. Não percebem a riqueza cultural, a beleza que se encontra ali. A correria da vida moderna tem deixado o ser humano cada vez mais no automático.

Que esse artigo, além de mostrar a O PODER DE UM POETA, também seja um convite  contemplação, a viver a vida com mais leveza, mais essência, mais disposição em fazer do presente o melhor tempo de nossas vidas!

 

por: Sueli Lopes

Professora de língua portuguesa na PUC-Go e UFGo e Representante Internacional da revista Odisseia da Medicina, em Londres. Colaboradora na revista Zelo, escritora e coautora; além de fundadora do projeto Café Cultural.

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