Entrevista com Vladimir Martins

 Entrevista com Vladimir Martins

A nossa entrevista deste mês é com um cara super bacana: Vladimir Martins, brasileiro, mora em Londres há 10 anos, CEO da Bright Mind Productions daqui de Londres. Nessa entrevista, ele nos conta sobre a sua empresa e também sobre sua carreira. Além de falar sobre marketing e seus desafios enfrentados na terra da rainha.

 

1 – Como era sua vida profissional antes da Bright Mind Productions?

Eu sou Jornalista por formação e alucinado com novas tecnologias por natureza.

Comecei minha carreira como produtor e repórter em um programa televisivo semanal de esportes de ação veiculado pela Rede Minas. Após algum tempo, fui convidado a assumir o departamento de jornalismo de uma rádio em Belo Horizonte, a 98FM. Como não havia experimentado o ambiente clássico de uma redação de jornal, resolvi encarar um novo desafio (aliás sou movido a desafios), e aceitei um convite para abrir mão da minha pseudo-estabilidade para trabalhar como repórter de esportes no Jornal dos Sports no Rio de Janeiro.

Após algum tempo, percebi que não me sentia completo profissionalmente e pior, notei que os colegas que dominavam a língua inglesa se sucediam mais rapidamente em suas carreiras. Era hora de mais um desafio: vir para Londres mergulhar de cabeça na cultura para aprender o idioma propriamente e, posteriormente, concluir um mestrado.

 

2 – Como surgiu a Bright Mind Productions?

Quando cheguei em Londres fui logo tentar algo na minha área, mas sem falar inglês foi complicado. Tive muita sorte de logo no início conseguir um estágio em um canal de televisão para trabalhar na área de pós-produção e logo em seguida na MTV como assistente de programação. Foram passagens rápidas até que pudesse me estruturar e fundar a Bright Mind Productions que nasceu como uma produtora de vídeos. Era uma época em que a maioria das empresas estava estampando vídeos de diretores na página “About Us” dos seus websites. Essa fase alavancou a produtora mas eu queria mais e montei o primeiro portal de Londres, o LondresBrasil.com.

Tinha uma rádio online onde o Mike ex-Balão Mágico era o responsável pelas trilhas, o músico Lobão assinava uma coluna mensal em que apresentava tendências musicais em vídeos feitos diretamente do estúdio de gravação que ele tem em casa, advogados davam dicas da legislação britânica, e por aí vai… Como o portal era lindo e funcional, as solicitações para desenvolvermos websites começaram a pipocar. Foi então que decidi focar em design gráfico e web. Foi nessa mesma época que já estava me aprimorando fazendo um mestrado em New Media com ênfase em New Media Management.

Com o tempo a agência foi tomando forma e agora, já madura, com centenas de clientes atendidos ao longo desses mais de 7 anos de mercado, é referência para Start Ups que desejam aparecer no Google e que precisam do branding e marketing trabalhados.

 

3 – Quais são os seus maiores desafios de ter uma empresa em Londres?

Sem pestanejar digo que o maior de todos é não permitir que a “zona de conforto” sequer bata à porta e renovar a cada dia; principalmente por lidar com novas tecnologias. Aliás, esse é o gostoso de trabalhar com mídias digitais, porque um dia jamais é igual ao outro. Uma preocupação da maioria dos empresários aspirantes que nos procuram é em encontrar clientes e fechar novos negócios. Por incrível que pareça – e eu já passei por isso também no início – essa não é, e não deve ser o fator principal de atenção de uma empresa. Cliente é consequência de uma série de outros fatores. Cuide bem desses pontos que o cliente vem naturalmente.

Outro grande desafio é ter um (ou mais) diferencial(ais). Em um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo o ditado “camarão que dorme a onda leva” nunca poderia ser melhor aplicado.

Somos mutantes, pesquisamos novos avanços, designs customizados e harmoniosos, ferramentas que otimizam a usabilidade para que o consumidor sinta conforto e segurança, códigos de programação que buscam agilidade e leveza e, principalmente, tudo isso com preços muito competitivos.

Eu abracei uma causa e essa estratégia vem dado muito certo, que é a de oferecer ao pequeno empresário a qualidade e mecanismos que as agências de publicidade geralmente somente disponibilizam a empresas com “budgets” altos. Isso é delicado, porque nossa margem de lucro é extremamente limitada. Mas não abro mão de prestar consultoria, expandir os horizontes a novos mercados para quem nos procura, montar um bom briefing em conjunto com o cliente e um pós venda impecável. Fazer tudo isso com excelência é desafiador e apaixonante.

 

4 – Sabemos que a Bright Mind Productions realiza diversos serviços. Quais são os que mais se destacam?

Nós cuidamos do projeto desde a fase “embrionária”. Ouvimos constantemente: “Estou com uma ideia de um business, mas não sei por onde começar”… ou “Estou precisando de um website”. Na verdade, hoje em dia não existe mais “fazer um website”. Um website está atrelado a uma gama de outros serviços que a grande maioria dos nossos clientes em potencial sequer ouviram falar e essa é uma outra sacada da nossa agência. Quando um cliente aparece e pede algo específico, nós apresentamos cenários e eles passam a enxergar que, realmente, não era um website que precisavam.

Oferecemos, design de conceito, logomarcas, design e impressão de business cards, flyers, anúncios para revistas, roll up banners, etc. Essa é a base, a partir daí cuidamos do registro do domínio da empresa, web hosting, emails profissionais, backups de segurança e, claro, do website ou loja virtual. Uma vez que esse aparato está montado, partimos para o fundamental: fazer tudo isso aparecer ao público em geral cuidando do marketing, branding, SEO (Search Engine Optimisation) e, principalmente, do Social Media Management. Temos um departamento dedicado a exclusivamente fazer nossos clientes “bombarem” nas Redes Sociais. Encontramos novos seguidores, fazemos publicações 365 dias ao ano, geramos imagens profissionais, redigimos posts de Blog, disparamos malas diretas e um dos serviços mais admirados pelos clientes: nós oferecemos treinamento para que o próprio cliente possa inserir, editar e até deletar conteúdos em seus websites ou lojas virtuais sem necessitar nos pagar cada vez que deseje adicionar um serviço ou produto. Não temos a filosofia tradicional brasileira de “amarrar” o cliente nós. Damos asas para que eles voem livres em busca de novos desafios e sem precisar, necessariamente, botar a mão no bolso.

 

5 – Como você imagina o mercado digital do brasileiros que moram aqui em Londres daqui 5 anos?

Eu seria muito ingênuo de tentar arriscar um palpite para o mercado digital aqui ou em qualquer parte do mundo (que está mais globalizado do que nunca) para daqui 5 anos. A tecnologia muda muito rápido. Não sabemos qual vai ser a tendência no ano que vem.

Em geral, o que tenho percebido é que o brasileiro é conservador por natureza. Ele espera a coisa ser testada, observa outros batendo cabeça e só quando tem certeza de que aquilo funciona 100% é que resolve investir.

Creio que isso tenha a ver com o fato de ser imigrante. Tentar algo longe de casa e não ter o suporte, do “porto seguro” da família caso algo não vá como o planejado é realmente intimidador. Mas ao mesmo tempo repare que só quem se arrisca alcança o sucesso.

Portanto, vejo novos empreendedores investindo em novos mercados e com tecnologia de ponta nos próximos 5 minutos.

 

6 – Qual dica você pode dar ao empreendedor que está dando os primeiros passos no mercado digital? Em quais processos ele deve ter uma atenção redobrada?

Pesquise. Foque no seu business, no seu mercado e no seu consumidor. Entenda essa triangulação muito bem antes de sequer pensar em contatar uma agência de marketing.

Lembre-se que estamos aqui para lhe guiar mas que quem tem que entender profundamente do segmento é você empresário. A responsabilidade é toda sua e você, lá no fundo, sabe disso.

A única certeza que eu tenho é que você que quer empreender vai, definitivamente, cometer erros. Como você irá lidar com eles é que vai fazer toda a diferença entre um negócio que irá se aprimorar e o outro que irá falhar. Não importa a sua idade, sexo, raça ou religião. Seja humilde e competente. Uma base sólida pode ser a diferença entre um concorrente com a porta fechada e você com a porta aberta.

 

7 – Marketing como despesa x Marketing como investimento. Como você pode esclarecer a diferença aos nossos leitores?

Eu iria até mais fundo. Eu arriscaria dizer que um marketing que é despesa é um marketing que falhou. Mas o marketing é só a ponta do iceberg. Uma empresa deve ter praticamente zero de despesa. Entenda despesa como algo que não lhe traz retorno positivo.

Essa eu vou deixar para os leitores que têm intenção de empreender pensarem. Faça uma planilha, anote tudo que você vai gastar e ao lado tente anotar como isso vai ter uma consequência benéfica. Compra de flores pra decorar o ambiente, unhas bem feitas para cumprimentar os clientes, uniforme impecável, envio de cartões de natal, etc. Se qualquer dos itens da sua lista não lhe trouxer algo de positivo, corte imediatamente, porque essa é uma despesa que nem você, nem seu consumidor desejam por perto.

E claro, não se esqueça que um sorriso estampado no rosto é grátis e atrai clientes 🙂