Uma onda de divórcios…

 Uma onda de divórcios…

Quando dizemos “Sim, eu aceito” seja diante de uma autoridade religiosa ou mesmo de um juiz, estamos dizendo que aceitamos viver com a pessoa “amada” entendendo que ela tem mil defeitos, alguns até são iguais aos nossos e outros que vão ajudar no desenvolvimento do nosso lado emocional, aprimorando a empatia e a paciência.

Quando decidimos viver com alguém, temos de ter a consciência de que precisamos nos doar, estar dispostos a aprender e não querer que o casamento gire em torno da nossa felicidade.

Tenho me assustado com a recente onda de divórcios que tem ocorrido a minha volta. Praticamente tenho recebido todos os dias essa notícia triste através de amigos ou através de clientes, que nos falam chocados dessa dor que teve data para se instalar, mas que está sem prazo para ir embora. Minha missão é ajudá-lo (a) a seguir adiante e recuperar seu gosto pela vida e sua própria subjetividade.

Talvez em algum momento os casais ponham sua vida na mão do outro e isso ultrapassa as competências do casamento. Não é função do outro gerenciar nossa vida, muito menos assumir seu controle, tirando o outro a capacidade de decidir, de gerenciar sua própria vida. A subjetividade nos pertence e não é lícito entregá-la nas mãos de outra pessoa. O amor próprio nunca deve dar lugar ao amor pelo outro, são amores paralelos, complementares onde o “eu” necessita se amar para de fato amar sem escravizar o “outro”.

Filhos… Eis a parte mais complexa da questão, até porque os danos causados a esses pequenos podem ser irreparáveis. Respeito muito aqueles que conseguem se divorciar apenas entre si, sem afetar o coração das crianças, afinal existe ex-marido e ex-mulher, mas não existem ex-filhos. Vale ressaltar também que filhos não são garantias de que o casamento deve perdurar sem amor, simplesmente pelo compromisso. Casamento não é compromisso é engajamento, parceria, amor, compreensão, tesão, amizade, vontade de estar perto…

Por favor, sem essa imbecilidade de que “umazinha” por fora mantém a saúde do casamento. Isso é a pior enganação que existe, é como estar doente e comer alface para melhorar.

Você deve estar se perguntando: “E se não deu certo? E se o divórcio for a única saída? Bem, que seja uma grande oportunidade de crescer, de aprender, de continuar amando, ainda que mudem cenários e atores.

Como disse o poeta Vinícius de Moraes:

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

Que seja eterno seu amor por você, que seja eterno sua predisposição ao acerto. O amor nunca sai de moda, tampouco o respeito e o compromisso para com o outro, que deve ser visto como humano e não como objeto de nosso prazer. Amor não é fluido, não se compra e nem se perde a validade.

Ame-se numa profunda dimensão a tal ponto que inspire os outros a amar e respeitar você. Se você estiver vivendo uma separação, o primeiro amor humano a que deve procurar é o seu por você mesmo e todos os demais chegarão por acréscimo.


Por: João Paulo Gurgel
Master Coach com certificação Internacional pela FCU; Coach pela Academia Internacional de Coaching. Graduado em Ciências Biológicas; Escritor; Conferencista Internacional; Diretor do ICD Internacional.