Iansã

 Iansã

Ser de Iansã é ser filha da dona dos ventos e da força dos elementos.
Ser de Iansã é ser volátil mas também adaptável, é saber nascer e morrer quantas vezes preciso for em uma única vida.
Ser de Iansã é abraçar o novo como se fosse um estranho conhecido, é atravessar a tempestade da noite e vagar pelo vazio do dia.
Ser de Iansã requer coragem para encarar o vazio da alma e escolher viver do lado profundo na superficialidade do dia a dia.
Ser de Iansã é possuir em si o furor das ventanias e a calmaria do olhar marcado pela beleza da vida de quem de tudo um pouco viu.
Ser de Iansã é dispor da força de um leão e da docilidade de uma andorinha.
Ser de Iansã é ser uma andorinha com garras firmes, precisas e determinadas.
Ser de Iansã é possuir ouvidos aguçados e a mente tranquila, é saber escutar o chamado da mãe que guia.
Ser de Iansã é ser filha de todos os orixás.
Ser de Iansã é pegar carona na cauda do furacão, sem bússola e saber retornar ao ponto de partida, livre, desnuda, despida.
Mas aquela que retorna já não é a mesma que partiu.
O mundo não mudou, mas ela foi moldada pelas experiências fundidas entre o observado e o observador.
Esta cedeu lugar a outra que volta com os mesmos olhos mas com um novo olhar.
Porque era ali aonde tanto olhava mas não enxergava que toda riqueza jazia, naquele mesmo lugar.
Ser de Iansã é não pertencer a nada nem a ninguém.
Ser de Iansã é ser dona de si.
Sendo de Iansã, perambulei pelos quatro cantos do mundo.
E na ira de não me encontrar, contra correntezas, tempestades e intempéries criadas na superfície do meu âmago, eu lutei.
Desci na baía de todos os santos para me banhar.
E na água salgada, me entreguei aos doces braços de Iemanjá.

INTERNAL
Cavalguei no raio de Iansã e adentrei as florestas inexploradas d’ alma ao lado de Oxossi.
Nas cachoeiras adiamantadas morri e renasci ao lado de Nanã. E Ewá me acordou de um sonho opaco, meio sem graça.
Atravessei a neblina e encontrei o equilíbrio em Oxumaré.
Exu sussurrou: “Está na hora de voltar”.
Enterro meus pedaços, cacos e desilusões.
Levo comigo a cura promovida por Omolu.
E através do espelho de Oxum me encontro no retorno.
No retorno à casa.
A terra mater chamou e o bom filho a casa retorna.
Eu me abro para Bahia e ela se abre para mim e sou recebida com abraços afetuosos de uma mãe que celebra o retorno do filho pródigo.
Hoje comemoro um ano de coluna. Um ano da exploração do meu ser através da escrita. Um ano da extensão do meu ser através das palavras.
Agradeço ao Universo por orquestrar esse encontro com dois seres maravilhosos!
E agradeço a Dri e a Ma (Adriana Bell e Marina G. Duarte)  por me permitir ser Tão Eu e proporcionar um espaço para que eu derramasse tudo o que transborda em mim e de mim.
Por ora me despeço, sem saber aonde os bons ventos de Iansã irão me levar para germinar as sementes do amor que carrego em meu coração.
Obrigado por fazerem parte do que há de mais profundo em mim.
Chegou a hora de semear as minhas sementes em outro jardim.

 

Fabiana Dórea

Advogada e Life Coach pela Animas
Centre for Coach, palestrante e escritora.

fabi@wholistic-coaching.life

Instagram: fabi_dorea

TEL.: (+44) 7740 102642

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