T.P.M. (TRANSTORNO-PRÉ-MENSTRUAL)

 T.P.M. (TRANSTORNO-PRÉ-MENSTRUAL)

 Toda mulher tem durante seu ciclo menstrual uma fase intitulada erroneamente de TPM. A estes sintomas, damos o nome de Síndromes Pré-Menstruais. A SPM é a ocorrência repetitiva de um conjunto de alterações físicas, do humor, comportamentais bem como a presença de queixas de desconforto, irritabilidade, depressão ou fadiga, geralmente acompanhadas por dor nos seios, abdômen, além de cefaléia e compulsão por alimentos ricos em carboidratos, com início em torno de duas semanas antes da menstruação e alívio rápido após o início do fluxo menstrual.

Em função do grande número de sintomas atribuídos à SPM (mais de 150 relacionados a vários órgãos e sistemas), não existe um consenso quanto a uma definição mais exata e sim a suposição de que ocorram diversos subtipos desse distúrbio, cada um com a sua gravidade e sustentados por um complexo conjunto de fatores biológicos, psicológicos e ambientais. Devido a essa grande diversidade de sintomas, alguns autores referem-se a ela como “síndromes ou alterações pré-menstruais”.

Os principais sintomas físicos da SPM são dor e tumefação das mamas (mastalgia), cefaléia e alterações do humor, que acometem mais de 75% das mulheres durante três a dez dias anteriores à menstruação.

Já a TPM caracteriza-se por:

  1. Recorrência cíclica de sintomas de humor e comportamentais em primeira instância, e somáticos, sendo depressão, ansiedade, labilidade afetiva, tensão, irritabilidade, ira, distúrbios do sono e do apetite são os mais freqüentes;
  2. Sintomas severos o suficiente para o comprometimento do funcionamento social, ocupacional e escolar;
  3. Sintomas relacionados diretamente às fases do ciclo menstrual e que podem durar, tipicamente, de cinco a quatorze dias. Em geral, pioram com a aproximação da menstruação e usualmente cessam de forma imediata ou logo a seguir (um a dois dias) ao início de fluxo menstrual.
  4. Tais observações são encontradas quando o ciclo menstrual é espontâneo, sem que ocorra intervenção farmacológica, hormonal e ingestão de drogas e álcool, os quais mascaram a progressão dos sintomas no curso do ciclo menstrual.

TPM deve ser diferenciado da SPM (Síndromes Pré-Menstruais), termo primariamente reservado para sintomas físicos moderados, acrescidos de leves variações, de humor. Torna-se importante diferenciar o TPM também da amplificação de sintomas de outras doenças psiquiátricas ou clínicas concorrentes.

Os critérios utilizados para pesquisar a presença do TPM, segundo a Associação Psiquiátrica Americana, são os seguintes:

A. Os sintomas devem ocorrer durante a semana anterior à menstruação e terminam poucos dias após o início desta. Cinco dos seguintes sintomas devem estar presentes e pelo menos um deles deve ser o de número 1, 2, 3, ou 4:

  1. Humor deprimido, sentimentos de falta de esperança ou pensamentos auto-depreciativos.
  2. Ansiedade acentuada, tensão, sentimentos de estar com os “nervos à flor da pele”.
  3. Significativa instabilidade afetiva.
  4. Raiva ou irritabilidade persistente com conflitos interpessoais aumentados.
  5. Interesse diminuído pelas atividades habituais.
  6.  Sentimento subjetivo de dificuldade em se concentrar.
  7. Letargia, fadiga fácil ou acentuada falta de energia.
  8. Alteração acentuada do apetite, excessos alimentares ou avidez por determinados alimentos.
  9.  Hipersonia ou insônia.
  10. Sentimentos subjetivos de descontrole emocional.
  11. Outros sintomas físicos, como sensibilidade ou inchaço das mamas, dor de cabeça, dor articular ou muscular, sensação de inchaço geral “e ganho de peso”.

B. Os sintomas devem interferir ou trazer prejuízo no trabalho, na escola, nas atividades cotidianas ou nos relacionamentos.

C. Os sintomas não devem ser apenas exacerbação de outras doenças.

D. Os critérios A, B, e C devem ser confirmados por anotações prospectivas em diário durante pelo menos dois ciclos consecutivos.

  • A utilização dos critérios acima, em associação ao preenchimento de diários prospectivos por pelo menos dois ciclos menstruais consecutivos, é atualmente reconhecido como o modo prático de confirmação diagnóstica.

PRIMEIROS REGISTROS DA SPM

Apesar do questionamento sobre ser a SPM resultante da vida moderna cada vez mais estressante para as mulheres, Hipócrates (600 a.c.), no tratado A doença das virgens, já descreviam as alterações de comportamento, as idéias de morte, as alucinações e os delírios resultantes da retenção do fluxo menstrual, também relatados por Platão, Aristóteles e Plínio. A descrição de doenças e transtornos que incidem no período menstrual foram também encontradas em papiros de 2000 a.c., bem como documentos do século XI e século XIX, que igualmente descreveram o sofrimento das mulheres jovens no período que antecede a chegada da menstruação.

Em 1994, houve uma nova denominação pela Associação Psiquiátrica Americana, acrescida de critérios diagnósticos operacionais para o transtorno, que passou a ser nomeado transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) e aparece citado entre os “Transtornos Depressivos não Especificados”.

SPM pode ser observada em diversas culturas, variando apenas a freqüência de determinados sintomas. Um total de 75% a 95% de mulheres em idade reprodutiva com o ciclo menstrual regular apresentam algum tipo de sintoma pré-menstrual de intensidade leve, entre 10% e 20% a partir de estudos populacionais feitos entre mulheres de 18 a 45 anos de idade procuram algum tipo de tratamento para seus sintomas e aproximadamente 3% a 11% das mulheres relatam que seus sintomas são graves a ponto de provocarem prejuízo importante ou mesmo incapacidade em suas atividades diárias.


Por: Flavio Messina
www.messinaclinic.co.uk
Tel. 020 3053 6709