Síndrome gênito urinária

 Síndrome gênito urinária

Olá queridos leitores!
O assunto que irei abordar nesse mês é ainda pouco conhecido pela maioria das pessoas e afeta enormemente as mulheres na pré e pós menopausa. Trata-se da síndrome gênito urinária, vou abreviar como SGU para ficar mais fácil…

Você sabe o que é isso??
SGU é uma síndrome definida como um conjunto de sinais e sintomas que afeta os genitais e a parte urinária,( incluindo vulva, vagina, uretra e bexiga), das mulheres na menopausa e perimenopausa. As mulheres que apresentam essa síndrome podem se queixar de ressecamento, ardência e queimação em vulva e vagina, dor e falta de lubrificação durante as relações sexuais além de sintomas urinários como ardência ao urinar, aumento do número de micções noturnas, dificuldade de “prender” a urina além de infecções urinárias de repetição.
Esses sintomas são causados pela da deficiência de estrogênio que ocorre no climatério e que acarretam alterações histológicas e anatômicas nos tecidos urogenitais. Essas mudanças levam à redução da elasticidade da vagina, aumento do pH vaginal, mudanças na flora vaginal, diminuição da lubrificação, vulnerabilidade à irritação e ao trauma físico.
Essa condição já pode estar presente em 19% das mulheres entre 40-45 anos que ainda estão na perimenopausa, isso é, ainda não pararam de menstruar. E afeta de 27- 84% de todas as mulheres na pós menopausa. Ao contrário das outras queixas da menopausa, como os calores, que tendem a melhorar com o passar do tempo, os sintomas gênito urinários tendem a ir se agravando se não forem tratados adequadamente.
Uma pesquisa realizada no Brasil, mostrou que 44% das mulheres consideram que os sintomas vaginais comprometem sua autoestima. Porém as mulheres sofrem caladas, esse mesmo estudo evidenciou que 70% das mulheres sintomáticas não se queixam e não relatam esses sintomas ao médico. Infelizmente sabemos que, dependendo da gravidade dos sintomas, pode haver um grande impacto na vida quotidiana, sexual e nos relacionamentos. Por isso é tão importante o diagnóstico e o tratamento precoce!

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SÍNDROME?

  • Menopausa;
  • Retirada dos ovários;
  • Falência ovariana prematura;
  • Tabagismo;
  • Etilismo;
  • Diminuição da frequência sexual ou abstinência sexual;
  • Não ter tido partos vaginais;
  • Tratamento para câncer incluindo irradiação pélvica, quimioterapia e terapia endócrina.

E COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?
O diagnóstico é basicamente clínico e realizado por meio das queixas da paciente e pelo exame ginecológico. Os sintomas mais comumente relatados são ressecamento vaginal (55%), dor na relação sexual(44%) e irritação genital (37%), com impacto sobre a função sexual (59%). O médico pode encontrar ainda sinais como: escassez de pelos pubianos, estreitamento da “entrada” da vagina, paredes vaginais com mucosa pálida, perda da rugosidade e elasticidade, muitas vezes friável e com sangramento fácil ao exame especular ou coleta do Papanicolaou, corrimento vaginal: fluido aquoso ou purulento, dentre outros sinais.

QUAIS SÃO AS OPÇÕES TERAPÊUTICAS?
As terapias para a síndrome gênito urinária, como em qualquer tratamento em medicina, devem ser individualizadas.
Para sintomas leves a moderados podem ser recomendados lubrificantes e os hidratantes. Os lubrificantes vaginais são usados no pênis do parceiro, no introito vaginal e na vulva da mulher antes e durante as relações sexuais, e podem melhoram a dor e facilitar a penetração vaginal por diminuir o atrito durante a relação sexual. Eles podem melhorar o desconforto vaginal e o prazer sexual, mas não têm a capacidade de reverter as alterações atróficas da mucosa vaginal.
Para sintomas moderados a terapia estrogênica vaginal é a mais eficaz e com maior evidência científica. Esse tratamento pode ser mantido pelo tempo em que persistirem os sintomas desde que haja acompanhamento médico.
Contudo, existem mulheres com contra indicação para o uso de estrogênios vaginais, como por exemplo aquelas que tiveram câncer de mama. Nesse caso o uso de fisioterapia pélvica e dilatadores vaginais associados ao uso de hidratantes e lubrificantes também podem ser de grande valia.
Novas tecnologias com emprego de tratamentos baseados em energia como laser vaginal e a radiofrequência têm se mostrado eficazes e seguros quando usados por profissionais devidamente habilitados, mas muitos aspectos ainda precisam ser esclarecidos.
É muito importante que os médicos perguntem ativamente sobre sintomas urinários e genitais principalmente para mulheres na menopausa e perimenopausa,. Contudo é ainda mais importante que a informação sobre a síndrome gênito urinária seja amplamente divulgada para que as mulheres não sofram caladas por uma condição que tem tratamento!
Toda mulher tem o direito e o dever se ser feliz na menopausa e perimenopausa, os sintomas são tratáveis! Procure um médico, ele vai poder te ajudar a viver plenamente essa época da sua vida!
Um grande beijo, se cuidem e até o mês que vem!

Bibliografia
REVISTA FEMINA – 2022 | VOL 50 | Nº 3 (febrasgo.org.br)
RACGP – Genitourinary syndrome of menopause 2020-gsm-ps.pdf (menopause.org)

 

por: Dra. Priscilla Sodré

Ginecologista-Obstetrícia, Mastologista. Médica credenciada pelo General Medical Council

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