Quando meninas sonham, mulheres realizam

Não é preciso uma data específica para que celebremos a vida, as conquistas, os exemplos e a importância das mulheres no mundo. A começar pela célebre frase: Metade da população mundial é de mulheres e a outra metade nasceu de uma. Mas estamos no mês de março e nós da Fraternidade Sem Fronteiras e Fraternity Without Borders UK não poderíamos deixar de enfatizar e parabenizar os esforços das mulheres em todas as áreas de conhecimento e atuação, incluindo na educação e formação de crianças e jovens.

Um grande exemplo a ser celebrado é Cesaltina Muchanga, nossa coordenadora pedagógica do projeto Acolher Moçambique, onde atendemos 14 mil pessoas e cerca de 60% são do sexo feminino. Cesaltina conheceu a Fraternidade Sem Fronteiras desde a sua formação em 2009, mas foi em 2016, depois de se formar em sociologia e pedagogia que ela assumiu a coordenação pedagógica da FSF. Ela conta que o trabalho com a FSF mudou a sua vida. “Eu tenho aprendido todos os dias, mudou muito a minha vida, a minha maneira de pensar. Primeiro porque eu achava que para ajudar as pessoas era preciso ter condições, ter dinheiro, ser alguém importante, mas com a Fraternidade aprendi que com as ações, você pode ajudar quem precisa de alguma coisa. Pode ser uma opinião, um conselho, um exemplo e isto também tem me feito crescer dia após dia. Além de aprender também com as pessoas com quem eu trabalho. A minha maneira de pensar também mudou muito em relação ao respeito com o outro”, relata Cesaltina. Outro ponto importante que ela destaca é a importância da Fraternidade na vida das meninas das aldeias. “Tem se notado uma grande diferença entre uma jovem que faz parte da Fraternidade e uma jovem que não faz, porque a cultura de casar cedo, ter filhos, ter o seu lar é uma cultura muito forte dentro das comunidades.

Vemos que na sua maioria, as que estão dentro do projeto da Fraternidade, já tem um pensamento novo. Já são mulheres que sonham, já são mulheres que entendem que a mulher não foi feita só para o lar. Posso dizer que 99% das jovens que fazem parte da Fraternidade já acham que são capazes de estudar e se preparar e trabalhar, para poderem ter uma vida entre aspas independente, mesmo que se casem e tenham filhos. O projeto tem um efeito muito positivo na vida dessas jovens, não só pelo fato de ter este apoio para dar continuidade aos estudos, mas pelo apoio psicológico que recebem, além do exemplo das pessoas que trabalham na Fraternidade” complementa Cesaltina. Quando perguntamos a ela se ele se vê como um exemplo para muitas meninas e mulheres, ela sorri timidamente.
“Eu acho que sim, eu tento servir de exemplo para muitas mulheres, não só para as mulheres que estão no projeto, mas para as mulheres em geral. Porque muita gente ficava me questionando, quando é que você vai casar? Quando é que vai ter filho? Eu disse, eu preciso me preparar, principalmente me preparar psicologicamente para ter um filho, eu já estou a caminho de 34 anos e este vai ser o meu primeiro filho. E isto aqui em Moçambique, nas comunidades não é normal uma mulher completar 30 anos sem ter filho. É como se ela estivesse muito atrasada para alguma coisa”. “Eu converso muito com as jovens do projeto, para mostrar que tudo é possível desde que estejamos preparados e cada coisa tem o seu tempo. É isso eu faço sem querer tirar aquilo que é a cultura delas, mas vou mostrando vários caminhos que são possíveis na vida. Eu falo sobre qual foi minha experiência, o que eu tive que fazer para estudar, mostrando a elas que também não cresci em condições favoráveis para que pudesse dar continuidade aos estudos, mas como era um sonho, eu fui atrás, lutei e consegui me formar. E hoje estou formada graças a Deus”, finaliza ela.

Venha você também fazer parte desta corrente de amor! Juntos podemos fazer a diferença na vida de milhares de pessoas.

Informações
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por Katia Fernandes Fernandes
Press – London/UK
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