PRÉ NATAL – Dra Priscilla Sodré
Olá queridos leitores da Revista Brasil na mão!
Estamos no último mês do ano, e que ano! 2021 veio cheio de desafios, perdas, recomeços mas também de muita esperança e fé!
No mês passado fui convidada pela querida Magda Lízbir, que também é colunista da revista, para falar no II Círculo de Mães. O tema que me coube foi o Pré Natal. Esse é um assunto que por si só já é recheado de amor, fé e esperança em um mundo melhor, por isso achei que seria o assunto ideal para ser abordado no nosso último “encontro” do ano!
Então vamos lá!!
Por que o pré natal é importante e quando começar?
A realização do pré natal representa papel fundamental em termos de prevenção e ou detecção precoce de patologias, tanto maternas como fetais, permitindo o desenvolvimento saudável do feto e reduzindo os riscos para a gestante. As consultas de pré-natal devem começar tão logo a mulher deseje engravidar. É nessa consulta que a futura gestante vai tirar suas dúvidas e verificar se tem alguma doença prévia ou condição que possa oferecer risco à sua gestação e ao seu bebê. Boa parte dessas condições, se verificadas previamente, podem ser corrigidas e garantem tranquilidade para a futura mamãe. É durante as consultas de pré natal que a mulher deve ser orientada sobre as mudanças corporais normais da gestação, auto cuidado, alimentação, medicamentos e vitaminas que devem ser utilizadas durante a gravidez e ainda orientações sobre amamentação e parto. É a oportunidade para as gestantes esclarecerem as suas dúvidas e receios (sempre oriento que tragam por escrito, para evitar que esqueçam de abordar algum assunto). O desenvolvimento e crescimento do bebê e da mamãe são acompanhados de perto durante todo o pré natal para que qualquer intervenção necessária seja feita precocemente.
Quantas consultas são realizadas e quais são os exames solicitados durante o pré natal?
O indicado pela Organização Mundial de Saúde é que a gestante sem nenhum risco, isso é com a gestação totalmente normal, tenha pelo menos 6- 8 consultas até às 40 semanas de gestação.
Aqui no Reino Unido, pelo NHS (National Health Service), se a mulher está esperando o primeiro filho terá até 10 consultas. No caso da segunda gestação, são oferecidas até 7 consultas, porém se ocorreu algum problema na primeira gestação ou se houver alguma intercorrência na gestação atual, o número de consultas é aumentado. O mesmo ocorre no caso de gestação gemelar. Esses números são apenas uma orientação geral. Cada gravidez é única e deve ser tratada de forma individualizada. Com relação aos exames complementares solicitados no Reino Unido, pelo NHS, são solicitados exames de sangue onde estão incluídos testagem para sífilis, HIV e hepatite B, rastreio para talassemia e anemia falciforme, que são duas doenças genéticas que afetam as hemácias (glóbulos vermelhos) e que podem causar alterações para a mãe e o bebê. São solicitados ainda exames de urina e rastreio para doenças genéticas (Síndrome de Down, Síndrome de Edwards e Síndrome de Patau), além de duas ultrassonografias: a primeira entre 8 e 14 semanas de gestação e outra entre 18 e 21 semanas de gestação.
O objetivo da primeira ultrassonografia é avaliar a idade gestacional, o número, localização do feto e a vitalidade fetal. Nesse primeiro exame também é realizada a medida translucência nucal. Essa é a medida de uma área do pescoço do feto que quando está aumentada indica uma possível alteração genética.
Na segunda ultrassonografia, todos os órgãos do bebê são examinados com o intuito de saber se estão bem formados, nesse exame também é possível saber o sexo do bebê.
Quais são as maiores diferenças entre o pré natal no Brasil e no Reino Unido?
O pré natal no Reino Unido é realizado pelas “midwives”, que são enfermeiras parteiras. Elas são amplamente qualificadas para acompanhar o pré natal e realizar o parto normal de baixa complexidade. Os médicos só atendem as pacientes de alto risco e realizam os partos de mais alta complexidade. Por isso se a mulher tem uma gravidez tranquila e um parto normal sem intercorrências, é muito provável que não seja vista por nenhum médico obstetra.
Outra diferença é com relação à ultrassonografia, no Brasil, apesar do SUS também preconizar 2 exames ultrassonográficos durante toda a gestação, as mulheres têm mais acesso a esse exame e acabam sendo submetidas a um maior número dele. É importante esclarecer que embora não haja nenhum risco na realização de mais de 2 ultrassonografias (o exame é seguro, não oferece nenhum risco para mãe ou bebê) o NHS oferece o que é preconizado pela OMS e o que é necessário para uma gravidez de baixo risco.
Qualquer mudança ou alteração no curso da gravidez será tratada individualmente e os exames necessários, para cada caso, serão solicitados de acordo.
Essa foi uma pequena “pincelada” sobre esse amplo e fascinante assunto! Precisaríamos de várias colunas e acho que o assunto nunca seria esgotado!
Desejo a todos vocês um lindo Natal e um 2022 com muita saúde, paz, alegria e esperança!
Até o ano que vem!!!
Bibliografia
https://www.abenforj.com.br/site/arquivos/manuais/304_Manual_Pre_natal_25SET.pdf
https://www.abenforj.com.br/site/arquivos/manuais/294_APS_prenatal_final_completo.pdf
https://www.nhs.uk/pregnancy/your-pregnancy-care/your-antenatal-care/
https://www.who.int/reproductivehealth/publications/anc-positive-pregnancy-experience-summary/pt/
Por: Dra. Priscilla Sodré
Ginecologista-Obstetrícia, Mastologista
Médica credenciada pelo General Medical Council
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