NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA PEDRA!

 NO MEIO DO CAMINHO TINHA UMA PEDRA!

Isso mesmo. Embora o poema de Drummond tenha sido uma expressão em busca da liberdade poética, uma espécie de protesto ao vocabulário estritamente parnasiano da época, ele expressou muito mais do que isto.
Há cem anos, de fato, havia uma pedra no caminho de toda a humanidade. Drummond, Modernista da segunda fase, seguia o fluxo do impacto causado pela SEMANA DE ARTE MODERNA (1922). Os tempos eram difíceis, o momento era de guerras mundiais. E, mais uma vez, a literatura cumpria a sua função social. Expressava  “o sentimento do mundo.”

Não são poucas as obras artísticas e literárias que nasceram em tempo de guerras, peste e caos. Só para citar alguns exemplos: O Amor nos Tempos de Cólera, de Gabriel García Márquez; O Mez da Grippe, de Valêncio Xavier; Um Diário do Ano da Peste, Daniel Defoe.
Portanto, use sua criatividade, encontre o seu “ponto de criação” e não tenha medo de expressar sua voz de resiliência mediante nossa atual situação mundial: existe, de novo, uma pedra em nosso caminho.

O nosso inconsciente busca formas surpreendentes de colocar nossa voz no mundo, seja por meio da escrita, da dança, das artes visuais, da música. Que tal nos unirmos, assim como os movimentos artísticos se reuniram há cem anos, e começarmos a buscar formas de expressar a retirada dessa pedra de nosso caminho? Os movimentos artísticos e literários são fortes, pois mostram o nosso poder de criação, nossa universalidade, nossa individualidade, nossas emoções. Aqui, vale ressaltar o que disse o grande mestre da pintura, Van Gogh: “procura compreender o que dizem os artistas, os mestres sérios, em suas obras-primas. Ali está Deus.”

De uma coisa eu tenho certeza: nós tiramos essa pedra de nosso caminho, e entraremos para a história como o povo que resistiu, que expressou de diversas maneiras sua resiliência. Vamos lá?

Termino este artigo com partes de um poema histórico de 1869, reimpresso durante a pandemia de 1919, porque nosso legado, ao ser registrado, publicado, é atemporal, abençoa gerações futuras: “E as pessoas ficaram em casa/ e leram livros/e ouviram música/e fizeram exercícios.
E produziram ARTES e jogos/ e aprenderam novas maneiras de ser.
E pararam mais profundamente/alguém meditou/alguém orou.
E as pessoas começaram a pensar de forma diferente/ e as pessoas foram curadas.
E na ausência de pessoas que viveram de maneiras ignorantes/perigosas, sem sentido e sem coração.
A Terra também começou a se curar/ e quando o perigo terminou e as pessoas se viram/Elas sofriam pelos mortos/e fizeram novas escolhas/e sonharam com novas visões.
E criaram novas formas de viver/e curaram completamente a Terra/assim como elas foram curadas.”
(Kathlen O´Mara)

 

por: Sueli Lopes

Professora de língua portuguesa na PUC-Go e UFGo e Representante Internacional da revista Odisseia da Medicina, em Londres. Colaboradora na revista Zelo, escritora e coautora; além de fundadora do projeto Café Cultural.

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