Luciana Oliveira – Com fé se faz um bom caminho

 Luciana Oliveira – Com fé se faz um bom caminho

Luciana Oliveira, reside em Londres desde 1996, é mãe da Ana Maria, contadora, escritora, cristã e socorrista de saúde mental nas horas vagas.

Formalmente trabalha como contadora e consultora empresarial, desenvolve trabalhos voluntários em relação à prevenção de depressão e suicídio através da empresa social fundada por ela: Caring Friends Around the World, “Adoro ajudar as pessoas, isso me faz uma mulher completa”, afirma Luciana.

Ela que foi uma das participantes do evento Papo De Mulher + Prêmio Mulher de Atitude aqui em Londres, nos mostrou ser muito profissional, mãezona, corajosa, mulher de fé e determinada. Um verdadeira mulher de Atitude.

Luciana, é também conhecida por seus trabalhos voluntários junto ao CCRU, CRBE e Cozinha cristã. Talentosa, tem livros publicados, tanto infantis, como co-autorias de poesia e de temas técnicos. Lu, como gosta de ser chamada, tem uma alegria contagiante e sua fé é um dos seus maiores atributos.

Trazendo à tona o lado cristão, ela nos conta como foi sua trajetória de fé, cumprindo sua palavra de quando fez uma promessa anos atrás a Deus. Ela também deixa um recado e seu legado marcado.

Em entrevista à revista “Brasil na Mão”, Luciana explicou por que decidiu encarar essa longa caminhada até Aparecida do Norte, onde fica a maior basílica do Brasil. “Quando eu estava grávida da Ana Maria, recebi a notícia de que ela seria uma criança com Síndrome de Down, como isso é legal aqui no Reino Unido ofereceram a opção de fazer um aborto. Eu e Vavá Castro, pai da Ana, ficamos chorando e tristes durante um final de semana para dar a resposta para os médicos. Decidimos continuar com a gravidez, independente do risco e prometemos a Deus ir à cidade de Aparecida do Norte no Brasil, se a Ana viesse perfeita. E sim, ela é uma criança perfeita! Cumpri minha promessa, explicou”.

“E esse dia chegou e fiz o sacrifício da peregrinação do “Caminho da Fé” entre os dias 26 e 31 de Julho de 2021 para a cidade de Aparecida do Norte, santuário de Nossa Senhora de Aparecida”.

Evangélica, porém católica até os 21 anos de idade, Luciana contou que a caminhada ao longo desses dias foi algo jamais feito por ela. Com alguns trechos mais complicados por conta do clima que estava muito frio por ser inverno essa época do ano no Brasil, chegando a pegar geadas.

A peregrinação de 150 km rumo ao Santuário de Aparecida do Norte, no interior de São Paulo, conhecido como Caminho da Fé, começa o percurso no município de Paraisópolis – MG  e, por dia, a contadora caminhou cerca de 30 km junto com sua amiga Marilene Sguarizi que reside no Paraguai, com a assessoria da empresa Seta Amarela e um grupo de 10 peregrinos.

 

“Tem coisa que só vemos e ouvimos, quando tudo é desligado.”

 

Confira a entrevista com essa pessoa fantástica que é Lu Oliveira:

Qual o motivo da peregrinação?

De agradecimento à vida da minha filha Ana Maria em 18/01/2011 por ser perfeita e o salvamento dela num acidente de piscina, onde ela foi salva no dia 17/07/2021.

 

Quem te acompanhou?

Minha amiga Marilene e o grupo da excursão Seta amarela, eu ainda não conhecia ninguém que ja tivesse feito o percurso.

 

Como você acreditava ser a peregrinação?

Que seria dura, mas tinha certeza que o aprendizado seria incalculável. Acreditava que a reflexão sobre a vida, as dificuldades e etc, iriam me ajudar a ver um mundo diferente.

 

E como foi a peregrinação?

Foram lindos dias de reflexão e oração. Sensibilidade, colaboração, transparência… Porém muito duro.

Acordávamos às 5am e saíamos às 5:30am para 12 horas de caminhada. Sem lenço e sem documento. Somente seguindo a Seta Amarela. O caminho inteiro que começa em Águas da Prata-MG, termina em Aparecida – SP, onde 90% do percurso é travessia da Serra da Mantiqueira.

Eu fui com um grupo de 10 pessoas. Eles fizeram os 12 dias de percurso completo, e eu fiz somente os últimos 5 dias.

Luciana finaliza:  “A fé que move os milagres. Eu não tenho que fazer nada para Deus. Eu vou fazer essa caminhada, para eu ouvir Deus melhor, mais de perto, na natureza.”

“Fizemos pela religiosidade, mas é também um autoconhecimento, uma reflexão para ver quem a gente realmente é e ver como tem pessoas boas e maravilhosas”, ressalta.

 

Como foi a sua preparação?

Nada poderia ter me preparado para  o Caminho da Fé. Devo dizer que até o meu despreparo foi uma providência divina. Se eu soubesse o que iria enfrentar lá, eu não teria ido de jeito nenhum!

O percurso em si é muito duro, se trata da travessia da serra da Mantiqueira no inverno.

Fui orientada pelo meu primo maratonista. Passei vaselina sólida em todas as dobras do meu corpo. E isolei todos meus dedos do pé com micropore. Foi a salvação.

É incrível ver o efeito do tempo, da natureza e Deus nos nossos corpos. No segundo dia meu xixi já estava totalmente transparente. E meu suor sem sal.

 

Foi uma experiência extraordinária! Que eu desejo que todo mundo faça pelo menos uma vez na vida.  Todo mundo precisa de autoconhecimento. Introspecção.

Desligar tudo para ouvir o que Deus tem a dizer e o que realmente temos no nosso íntimo.

Depender somente dos meus passos adiante, sem poder segurar em ninguém foi incrível. Tinha horas que doia tanto, que eu estava tentando segurar nos meus dentes.

A cada hora que passava, tudo em mim se tornava mais pesado. Minha própria roupa, meus próprios braços. Meus próprios pensamentos.

Tinha hora que eu não tinha força nem para rezar.