Encerrando Ciclos

 Encerrando Ciclos

Não consigo imaginar como nossa existência seria monótono se não houvesse mudanças, se não houvesse altos e baixos. Nesse caso, teríamos uma existência cinzenta, chata e enfadonha onde tudo permaneceria constante; sem novos estímulos, surpresas ou variações.

Na edição do mês passado falamos de Perdas Necessárias que também tem haver com encerrar ciclos pois nos referimos a um movimento circular, projetado no tempo, onde o que morre serve de nascimento para um novo ciclo. Desta forma, o nascimento de uma semente, por exemplo, implica a morte no ciclo de vida de um fruto ou flor. No entanto, o final de um ciclo pode também representar uma etapa de perda.

É preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos – não importa o nome que você queira dar, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente desapareceram. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de sintonizar sua rádio emocional e escutar sempre ao mesmo canal, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa – nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, os armários, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é, está na hora de se reinventar.

É melhor não resistir à natureza da vida; antes, aprenda a nadar e fluir  com seus ciclos, mudanças e flutuações.

A impermanência de todos os ciclos da vida é justamente uma inerência daquilo que é evanescente, perecível e mortal. Sejam bons ou ruins, fechar um ciclo é algo inexorável da nossa condição humana temporal. Por isso, devemos usufruir os bons, mas jamais nos apegarmos de forma imutável a algo que normalmente se acabará antes da morte física.

Vamos aproveitar este Ano Novo para fechar velhos ciclos e repetitivos e abrir novos ciclos mais positivos para poder seguir crescendo e evoluindo.

Feliz Ano Novo! Feliz Ciclo Novo!

 

Por:  Magda Lizbir Gomes

Terapeuta Holística e Facilitadora de Barras de Access.

magda0333@gmail.com

Tel. : (+44) 7447608050