Continuação da matéria sobre HPV

 Continuação da matéria sobre HPV

Olá! Nesse segundo artigo continuarei escrevendo sobre esse tema que causa tantas dúvidas: A infecção pelo vírus HPV. Vamos entender como se dá a infecção e como fazemos o rastreio para evitar o surgimento do câncer de colo uterino.

O HPV é transmitido através do contato pele a pele, pele/mucosa, por isso, embora o uso da camisinha seja importantíssimo na prevenção de inúmeras doenças sexualmente transmissíveis, no caso do HPV o seu uso não é 100% eficaz pois, apesar do pênis se encontrar protegido, ainda existe o contato entre as outras partes genitais que podem estar infectadas. Esses vírus são altamente prevalentes na população e mais de 80% das pessoas com vida sexual ativa será exposta a eles.

Cabe aqui lembrar que estamos falando de qualquer relação sexual, incluindo aquelas entre pessoas do mesmo sexo. É importante esclarecer também que a grande maioria das infecções serão resolvidas sozinhas em até 2 anos. Isto é, a pessoa terá contato com o vírus, se infectar e o próprio organismo eliminará o vírus num período de até 2 anos. Por isso não é indicado que o exame preventivo seja realizado em mulheres muito jovens, pois muitas delas serão positivas para o vírus e apresentarão alterações que se resolverão espontaneamente.

A idade indicada para se iniciar o exame varia de acordo com o país. Aqui no Reino Unido o rastreio só começa após os 25 anos. Outra pergunta comum é : O que os médicos procuram quando realizam o exame preventivo do câncer de colo do útero? Antigamente, no início dos anos 70, quando o programa de rastreio do câncer de colo se iniciou, eram examinadas apenas as células do colo uterino e vagina em busca de alterações que pudessem sugerir lesões cancerígenas e pré cancerígenas. Esse exame é conhecido como Papanicolau (em homenagem ao médico grego Georgios Papanikolaou que criou o método). Desde o início do programa de prevenção do câncer de colo aqui no Reino Unido, houve uma diminuição de 70% nos casos de câncer de colo, mostrando a sua eficácia. Naquela época não se sabia do papel do HPV no desenvolvimento do câncer de colo, e desde então, muitas pesquisas foram realizadas. Depois dos anos 2000 é que o papel do HPV no surgimento do câncer ficou bem estabelecido e começou a ser realizado a pesquisa do HPV juntamente com o exame citológico (Papanicolau).
Atualmente, aqui na Inglaterra e em vários países desenvolvidos o screening do câncer de colo está começando com a pesquisa do HPV de alto risco. Se a mulher for negativa para o vírus, as células do colo não precisarão ser examinadas e ela só terá que realizar novo exame em três anos. Se a paciente for positiva para o HPV, as células do colo são, então, examinadas para verificar se o vírus provocou alguma alteração que possa levar ao surgimento do câncer. Se as células forem normais, a paciente repetirá o exame em um ano. Caso seja verificada a alteração celular, a paciente é encaminhada para o exame de colposcopia. Nesse exame o colo do útero é observado com um microscópio em busca de áreas alteradas. Caso seja necessário, é realizada biópsia e o seguimento e tratamento varia de acordo com cada caso.

Em suma, a mensagem que eu queria deixar para vocês é que o HPV de alto risco está, sim, relacionado com o câncer de colo, mas tê-lo não significa que a mulher desenvolverá o câncer, pois a maioria das infecções se curará sozinha. Contudo, a portadora crônica do HPV é a que tem o maior risco de desenvolver o câncer de colo. E é essa mulher que buscamos nos programas de prevenção, para que seja acompanhada de perto e possamos tratar qualquer alteração antes que se torne câncer. Dessa forma conseguiremos combater essa doença que, a cada ano, mata cerca de 311 mil mulheres.

Bibliografia

  • Albrow, R., Kitchener, H., Gupta, N. and Desai, M. (2012), Cervical screening in England: The past, present, and future. Cancer Cytopathology, 120: 87- 96. https://doi.org/10.1002/cncy.20203 https://www.gov.uk/government/publications/cervical-screening-programme-and-colposcopy-management Cardial MF, Roteli-Martins CM, Naud P, Fridman FZ. Papilomavírus humano (HPV). In: Programa vacinal para mulheres. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia; 2017. Cap. 4, p. 26-39. (Série Orientações e Recomendações Febrasgo; nº 13/ Comissão Nacional Especializada de Vacinas). 1. Faculdade de Medicina do ABC
  • https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/conceito-e- magnitude#:~:text=Com%20aproximadamente%20570%20mil%20casos,por%2 0c%C3%A2ncer%20em%20mulheres1.

por:

Dra. Priscilla Sodré

Ginecologista-Obstetrícia, Mastologista
Médica credenciada pelo General Medical Council

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