Brasileiro Daniel Monteiro é destaque no musical “O Rei Leão” em Londres

 Brasileiro Daniel Monteiro é destaque no musical “O Rei Leão” em Londres

Na adaptação de Londres do clássico “O Rei Leão”, uma das coisas que mais chama a atenção é a mistura de culturas e nacionalidades no elenco, com sotaques africanos e belezas exóticas se entrelaçando para contar a emocionante história. O que pouco gente sabe, porém, é que um dos destaques entre tantos talentos é o brasileiro Daniel Monteiro, de São Paulo. Parte da equipe fixa desde Março, quando os elencos de todos os musicais da cidade se renovam, Daniel não é estranho à savana criada pelos craques americanos: ele já havia participado da montagem brasileira da peça, mas acabou trocando por um papel em outro musical, “A Madrinha Embriagada”. E consciente de que a história com a Disney ainda não tinha acabado, Daniel enviou um email para a coreógrafa mundial da peça, com quem trabalhou na versão brasileira, perguntando sobre possíveis oportunidades – mas sem esperança de que ela responderia. Em pouco tempo, um executivo de Nova York entrou em contato com ele e o convidou para a turnê britânica de “O Rei Leão”, uma versão menor e adaptada para pegar a estrada e passar por vários países.
Depois de alguns meses, Daniel, que estava no elenco como bailarino, pediu para fazer um teste também como cantor durante a temporada na Suíça e não só foi aprovado como ganhou a oportunidade de interpretar Simba, o protagonista, em diversas ocasiões em que o ator principal não pôde atuar. Mas com o fim do contrato, o multifacetado artista acabou voltando para o Brasil em busca de outras oportunidades na terra-natal.
The Lion King

 

Após seis meses, no Carnaval de 2016, tudo mudou novamente: um telefonema de Londres convidou o paulista a integrar o elenco fixo da montagem na capital inglesa. Em apenas três semanas, a Disney resolveu toda a documentação e ele se mudou de mala e cuia para a cidade. “Meu chefe é o Mickey Mouse!”, explica, empolgado, o ator, que atualmente interpreta um rinoceronte e eventualmente ainda atua como Simba, quando o ator principal se machuca e a escalação dele vem a calhar. Daniel conta, porém, que muita vezes só fica sabendo que vai protagonizar o espetáculo a poucas horas de entrar em cena, e por isso precisa estar sempre preparado. O elenco recebe aulas regulares de preparação, sotaque e até exercícios físicos para pegar a melodia da pronúncia britânica. Ele conta ainda que entre as maiores diferenças entre as duas versões está a de que na montagem inglesa toda a interpretação precisa ser mais sutil e contida, ao contrário do que acontece no Brasil.

 

Daniel Monteiro

 

Trabalhar em Londres traz ainda outras grandes particularidades, como a estrutura de produção que tem, nas palavras de Daniel, “plano B, C, D, E”, principalmente por “O Rei Leão” ser atualmente o musical de maior importância da Disney, e com ingressos esgotados diariamente tanto na Broadway em Nova York quanto no West End de Londres. E a mistura de nacionalidades também traz uma riqueza artista ainda maior: os companheiros de camarim incluem atores de lugares como Trinidad e Tobago, que sempre conversam sobre as semelhanças entre países apesar da distância geográfica. E tanto o público quanto a produção inglesas também trazem uma experiência bem diferente. Ele considera a plateia inglesa mais fria, por não demonstrar tanta empolgação durante as cenas e analisar mais os atores, enquanto no Brasil os aplausos e gritos são constantes. A exceção é nas sessões predominantemente infantis, onde todas as crianças, de qualquer país, se empolgam da mesma forma.

 

Daniel Monteiro

 

Contando sobre a trajetória que o levou ao estrelato, Daniel conta que aos 17 anos, quando trabalha com contabilidade, passava todos os dias por uma escola de dança e sonhava com o dia em que teria coragem de entrar e arriscar. Até que o dia chegou e ele instantaneamente se apaixonou pela arte. Com o apoio dos pais, que ficaram surpresos inicialmente mas sempre apoiaram que ele fizesse o que o coração mandava, o brasileiro largou o trabalho e mergulhou fundo no balé. Desde a primeira oportunidade, no musical “Os Produtores”, com Miguel Falabella, ele não parou mais – e agora está no caminho para conquistar o mundo. Ainda que o futuro seja incerto, ele já se sente confortável nos palcos ingleses e já está de olho em “Aladdin”, cuja versão londrina estreou esse ano: “se tudo der certo, em uns dois anos eu estarei lá”. Alguém duvida?

POR: PHILIPPE LADVOCAT