aRmar-se

 aRmar-se

red head pretty woman feeling in love, smiling, cuddling and hugging self, staying single, being selfish and egocentric against purple wall

A mesma armadura que te protege também te paralisa. Quem nunca forçou um sorriso, calçou os sapatos e enfrentou o dia só para depois desaguar nos confins de um quarto escuro e solitário e lavar a alma com gotas salgadas de dor? Ou ainda, quem nunca ouviu: “Seja Forte”! quando o que mais se queria ouvir era: “Deite no meu colo, chore, grite, se desarme, sinta a sua dor”.

Nos dias atuais, parece- me que há uma cobrança para sermos fortes ou pelos menos APARENTARMOS ser fortes porque demonstrar vulnerabilidade virou sinônimo de fraqueza. Cada vez mais nos tornamos incapazes de aceitar a ciclicidade da natureza, da qual fazemos parte, e construímos muros altos em torno de nós mesmo afim de nos defender da vida. Queremos que o outro nos reconheça guerreiros, lutadores, heróis, sem nos dar conta de que até os heróis choram. Aliás, antes de se tornarem heróis, o homem aranha e o super homem, reconheceram a sua humanidade, travaram batalhas internas e sofreram por amor. E só depois de conquistarem o si, usaram a sua armadura e os seus poderes para realizarem um propósito maior que eles mesmos. Se almejamos ser o herói ou heroína das nossas vidas temos que ser brutalmente honestos ao nos olharmos no espelho. E o reflexo puro só se dá a partir do reconhecimento da nossa humanidade, sem máscaras, sem armaduras.

Se você se apresenta a vida armado ou com armadura passa a mensagem de que: 

1) ou você está se preparando para guerra.

2) ou você está se defendendo da vida.

Mas a vida é curta e a batalha é longa…

Já basta a luta interna que travamos em algum momento, ou para alguns, em todos os momentos da vida. Creio que a grande maioria esteja em busca de paz e como tudo aquilo que a gente foca, cresce, temos que ser congruentes no que tange ao pensamento, desejo e a ação. O primeiro passo é fazer as pazes com você . O segundo é apresentar-se ao mundo sem armadura. A guerra que você iniciou consigo, com os outros ou com mundo, pode ter vários desfechos, mas você que decide.

Sinta o quão sufocante se torna sustentar tantas máscaras, o quão pesado é arma-se por medo de mostrar a sua verdadeira essência, por medo de ser considerado fraco ou por medo dos outros se aproveitarem de você . São só medos. Medos que você criou para se defender de alguém ou da vida ou até de você. Mas lembre-se de que, quanto maior a muralha, mais inacessível e mais paralisado nos tornamos, e assim como na natureza, tudo que não está em movimento, está morrendo.

A energia estagnada não gera mudança, não impulsiona a evolução. E a inércia que te faz permanecer em um lugar, em um corpo, em uma mente que não te pertence cobra um doloroso preço.  Atente-se que, com isso não estou dizendo para que você dê a sua cara tapa e saia por aí desprovido de proteção, para isso contamos com uma arma poderosa: a intuição e o bom senso. Para que não restem dúvidas, a mensagem aqui é de que quando você se arma ou se fecha, a vida não atinge seu coração e eu não sei vocês, mas eu vim ao mundo não para sobreviver, mas sim para gozar a vida. E quanto mais me abro para a vida, mais ela se abre para mim. Quanto mais me desarmo, mais me mostro para o mundo e desperto para minha verdadeira essência. E quando entro em contato com a minha essência, descubro a minha verdade e fico em paz. Percebe que um pequeno movimento desencadeia mudanças poderosas? Que o ato de levantar a bandeira branca depende unicamente de você e que a vulnerabilidade não é senão, uma medida de extrema coragem? Percebe que em um mundo que constantemente nos doutrina a ser alguém, a escolha de sermos nós mesmos é um ato de bravura? E enquanto todos os outros já existem, ser você é um ato de amor? Jogue as armas para lá. Desarme-se. Ame-se.

 

Por: Fabiana Dorea