Ana karla Nahum – PROFISSÕES

 Ana karla Nahum  – PROFISSÕES

Uma brasileira trabalhando em umas das galerias mais famosas em Londres!

Ana Karla Nahum, nasceu em  Belém do Pará, e reside aqui em Londres desde 2002. Ela vai contar como foi sua trajetória para chegar aonde está. Ela também vai escrever todos os meses, mostrando como arte não é somente admirar um quadro rabiscado, arte é entender cada risco, cada traço com outros olhos, aqueles que muitas vezes nós não enxergamos. Acompanhe!

Me formei em história da arte (África, Ásia e Europa) e trabalho como um Independent art historian(História da arte independente). O meu interesse na profissão está dividido entre prático e acadêmico. Do lado prático gosto muito das visitas guiadas que faço nas galerias e em edifícios de interesse arquitetônico, já que boa parte da minha formação é em história da arquitetura moderna. Porém, faço pesquisa em bibliotecas, arquivos e escrevo artigos acadêmicos sobre arte. Trabalho há quase cinco anos na Heinz Archive and Library que é na biblioteca de arte da National Portrait Gallery em Londres. É uma biblioteca acadêmica que só aceita visitas marcadas com antecedência ou seja não está aberta ao público em geral.
Estava estudando no segundo ano da universidade quando vi o anúncio que estavam selecionando estudantes de história da arte para trabalhar na biblioteca como voluntários. Foi uma surpresa para mim ser selecionada. Este é um dos postos voluntários mais concorridos do país e internacionalmente por ser em um museu national que também exige um conhecimento específico em arte britânica, retratos e conhecimento técnico em restauração para poder identificar se o quadro passou por um trabalho de restauração ou tem sinais de deteriorados e etc… Além disso, você precisa ser fluente em uma língua moderna européia. Por exemplo, no meu caso, leio, escrevo e falo espanhol e francês fluente, e leio italiano. Essas línguas são essenciais no campo da história da arte. Porém, o Português também é considerado uma língua moderna européia porque à origem da língua é portuguesa. Assim que o processo de seleção é de certa forma simples, porque tudo depende da formação acadêmica e ou técnica do aplicante. Claro que nos dias de hoje você precisa demonstrar familiaridade em buscar informações técnicas e bibliográficas sobre o quadro e ou do artista online. Estudei na Inglaterra, na SOAS (School of Oriental and African Studies) e UCL (University College London). O Curso se chama History of Art and Archaeology of África, Ásia and Europe. Isto quer dizer que os cursos sobre arte e arqueologia da África e da Ásia são dados pela SOAS arte e arqueologia da Europa pela UCL. É um curso que demanda do estudante muitas horas de estudo e pesquisa em bibliotecas, além de escrever monografias de até 15 mil palavras, fica a dica se alguém está pensando em estudar arte na universidade.  

Eu sou uma “portrait indexer”. Trabalhamos em três pessoas, incluímos na database da biblioteca da galeria retratos que são de interesse nacional. Para isso temos um guia com uma lista de condições para que um artista e ou a pessoa no retrato possa ou possam fazer parte do nosso cadastro. Ano passado nosso grupo foi nomeado finalista no país para o prêmio da LVMA (London Volunteers Museum Association) por nosso trabalho em cadastrar os retratos que fazem parte da coleção do National Trust. 

No próximo mês vou dar uma breve introdução sobre a apreciação da arte, pois nossos olhos nos dirigem a determinados pontos quando apreciamos um quadro, os chamados “vantage points” por exemplo. Todos somos capazes de admirar uma imagem porém poucos somos capazes de fazer um comentário crítico sobre a imagem por falta de um conhecimento básico que se pode adquirir lendo um parágrafo sobre arte. Para dar uma sequência cronológica para os artigos vou começar falando sobre a origem da arte ligada às religiões. Lembre-se que as primeiras esculturas e imagens eram para o culto de deuses e que hoje estão avaliadas em milhões de libras e repousam no British Museum!