Adaptação a um novo país: estamos preparados?

 Adaptação a um novo país:  estamos preparados?

Você já se deu conta de como ocorre a nossa adaptação à um novo país, quando decidimos imigrar? Quando tomamos a decisão de morar num outro país mudanças psicológicas internas ocorrem e muitas vezes estas podem se passar despercebidas, sendo somente notadas, quando virarem um problema psicológico. Entre preparar a mala de viagem, comprar a passagem e ser tomado pela euforia da mudança, a pressa não nos deixa perceber que mudar de um país para outro pode ser algo traumático e que provoca perdas e choques culturais das quais nem sempre estamos preparados.

Mas perdas por quê? Quando imigramos, perdemos a familiaridade da língua, o contato com a família, o conhecimento do modo de se relacionar, sem contar as comidas típicas e o clima. Já pensou no arroz com feijão, na cervejinha na praia, no almoço com a família aos domingos? O leitor se identifica? Tudo isso é perda!

E o choque cultural, o que é isso?! O choque cultural são todas as reações psicológicas que enfrentamos a cada momento em que somos expostos a situações que não nos são familiares e que por isso nos causam estranheza.

O choque cultural, nos afeta no dia-a-dia. Vai desde termos que comer comidas diferentes por falta de opção, falar uma outra língua, entender o que um olhar significa, acostumar-nos a um outro clima etc. De fato, cada vez que achamos esquisito novos costumes e nos lamentamos pela perda de algo familiar, estamos sofrendo de choque cultural. Mas isso tem solução, me pergunta o leitor?! Bem, a adaptação cultural é algo a ser conquistado.

O primeiro passo é estar ciente que imigração envolve perdas, mas não perda de identidade. Manter um contato regular e saudável com a família e cultura que deixamos para trás é essencial. E com relação ao choque cultural? Bem, a consciência de que vamos encontrar coisas novas exige-nos que aprendamos os novos costumes do país hóspede. Isso facilita nossa adaptação e evita surpresas. Além disso, toda a mudança é menos problemática quando a imigração é feita por livre vontade, quando existe o pré-conhecimento da língua, e quando a questão de documentação já esteja encaminhada. Um pouco óbvio, porém, o que quero dizer é que quanto mais preparo o imigrante tiver, menos surpresas e mais alegrias. O que não vale é fazer as malas na pressa e depois se encontrar entristecido/a num país estranho sem saber o porquê. Fica a dica!

 

Cristina Durigon é Diplomada em Counselling/Psicoterapia no UK e trabalha na área de Trauma Psicológico no Lewisham University Hospital. Desenvolvendo um trabalho de Mestrado em Adaptação Cultural e Barreiras Psicológicas pela Middlesex University – UK.