2022, O ANO DO CENTENÁRIO DA SEMANA DE ARTE MODERNA
O século passado foi marcado por duas Guerras Mundiais, e o período entre elas gerou profunda depressão na humanidade, decorrente das perdas de entes queridos, queda da economia, fome, medo e doenças. E foi exatamente nessa fase que grandes grupos artísticos e literários se levantaram ao redor do mundo, com o objetivo de organizar movimentos capazes de contribuir para que tamanha dor fosse amenizada.
Em Londres, o famoso Grupo de Bloomsbury se reunia na belíssima Gordon Square e buscava formas de alegrar o povo com suas obras. Em Stratford-Upon-Avon, os teatros lotavam e as obras de Shakespeare tanto tempo depois de sua morte chegavam de novo ao seu auge. Além de ser um veículo que gerasse cura psicológica e emocional, o teatro foi um grande cooperador para a economia, pois o dinheiro gerado contribuiu sobremaneira. O Círculo Linguístico de Praga, por sua vez, ganhava mais prestígio, bem como a Literatura Russa O formalismo russo, também conhecido por crítica formalista, foi uma influente escola de crítica literária que existiu na Rússia de 1910 até 1930… Os membros do movimento são considerados os fundadores da crítica literária moderna.
E no Brasil, em 1922, aconteceu a Semana de Arte Moderna, também conhecida como “Semana de 22”, no Teatro Municipal de São Paulo, de 11 a 18 de fevereiro de 1922 e representou a expressão de novos valores estéticos, que mudaram a arte brasileira.
O movimento conheceu expoentes dos mais diversos segmentos artísticos, Anita Malfatti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Heitor Villa-Lobos, Sérgio Milliet, Menotti del Picchia, Vítor Brecheret e Guilherme de Almeida foram alguns dos representantes que participaram da Semana.
Embora houvesse uma imensa vontade de fazer algo que pudesse expressar eficácia naquele contexto mundial, todos os movimentos também foram criticados, mas o foco aqui neste artigo é apenas mostrar o poder da Arte. Ela marca contextos históricos e sociais, gera mudanças profundas, não só no indivíduo, como em grupos inteiros e, por que não dizer, no mundo?
Estamos entrando num ano de pós-restrições. Quantas perdas já aconteceram, quantas incertezas carregamos, o poema de Drummond nunca foi tão atual: “No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho, tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra…”
Mas nós chegamos até aqui, já somos vencedores, pisamos nas pedras duras da vida e prosseguimos! E agora, que tal dedicarmos um pouco de nosso tempo a leituras de boas narrativas ou poesias; visitar galerias de Artes, concertos, musicais, shows, arte de rua, exposições de fotografias, enfim, há uma infinidade de opções. Para quem está em Londres, muitas delas são de graça. Sem falar nas histórias escondidas por trás de cada monumento, cada ponte, cada parque.
Prossigamos e valorizemos o tempo presente, o mundo e as pessoas ao nosso redor. Ainda que tenhamos tido momentos tristes, há esperança! E, com partes do poema a seguir, termino mais uma “crônica do aqui e agora”, com os sinceros de votos de “Feliz Ano Novo”:
“De mãos dadas” (Carlos Drummond de Andrade)
“(…) O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
(…) O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.”
Por: Sueli Lopes
Professora de língua portuguesa na PUC-Go e UFGo e Representante Internacional da revista Odisseia da Medicina, em Londres. Colaboradora na revista Zelo, escritora e coautora; além de fundadora do projeto Café Cultural.
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