A Polêmica dos estudos do Anticoncepcional Masculino
O controle da natalidade é uma preocupação comum para mulheres e homens. Nos últimos 50 anos, houve poucas mudanças na contracepção masculina em comparação com a gama de opções disponíveis para as mulheres.
Hoje, os únicos métodos contraceptivos disponíveis para os homens são:
- Preservativos: uma forma de barreira de contracepção que impede que os espermatozóides alcancem e fertilizem o óvulo;
- Vasectomia: um procedimento cirúrgico simples que impede que o esperma seja ejaculado.
Alguns homens usam o coito interrompido para evitar a gravidez, quando retiram, antes de ejacular. No entanto, este não é um método de contracepção recomendado. Pois o esperma pode ser liberado antes da ejaculação.
Pesquisas em andamento
Existem duas áreas principais de investigação sobre a contracepção masculina:
- Contracepção hormonal: onde hormônios sintéticos (produzidos pelo homem) são usados para interromper temporariamente o desenvolvimento de espermatozóides saudáveis;
- Métodos não-hormonais: técnicas são usadas para impedir que o esperma saudável alcance o óvulo.
A Organização Mundial de Saúde solicitou o que parecia uma pesquisa promissora, uma injeção de dois hormônios criada para diminuir a contagem de espermatozóides. Os resultados iniciais da fase I demonstraram 96% de eficácia na prevenção de gravidez. Mas a fase II foi interrompida após uma revisão independente que constatou que a droga teve muitos efeitos colaterais. Os resultados foram publicados neste ano no “Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism”.
Porque o estudo foi suspenso?
Os comitês perceberam que muitos homens estavam desistindo do estudo pois apresentaram efeitos colaterais. O efeito colateral mais comum foi acne, algumas vezes grave. Alguns homens também desenvolveram mudanças de humor, um dos participantes desenvolveu depressão severa, e outro tentou cometer suicídio. Por esse motivo, o estudo foi cancelado.
Porém a maioria dos homens que não abandonaram o estudo disseram que usariam o produto sem problemas se estivesse disponível.
Houve uma grande discussão na Internet sobre esses efeitos colaterais.
Nenhum controle de natalidade é perfeito. Quase todos tem algum tipo de efeito colateral. O que foi descoberto neste estudo é que os efeitos colaterais não eram tão diferentes daqueles encontrados com outros tipos de controle de natalidade – exceto pelos graves problemas emocionais.
Para ser bem sucedido, o anticoncepcional masculino precisa:
- Ser reversível (ou seja, parar seus efeitos quando o homem parar o tratamento)
- Neutralizar todos os espermatozóides ( os milhões que homens produzem todos os dias)
- Não apresentar efeitos adversos nas ereções, na libido ou outros efeitos secundários graves.
Os pesquisadores estão otimistas de que um método seguro, eficaz e reversível de contracepção masculina acabará por se tornar uma realidade, embora isso ainda esteja a alguns anos de distância.
Por: Elisa Kajita
Clínica geral, especializada em saúde da mulher e estética.
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