\fulano Futebol da Silva

 \fulano Futebol da Silva

Acabei de voltar das minhas merecidas e esperadas férias, e depois de alguns dias fora é hora de voltar a dura e velha rotina.  Mas antes, gostaria de dividir com vocês uma constatação, que acredito que a maioria já deve ter feito em algum momento, e algum lugar que tenha passado.

Estive no Egito, que em embora assolado por crises e protesto, ainda é um lugar maravilhoso para se relaxar, especialmente se você for para alguns dos resorts em Sharm el-Sheikh. Bem, chegando ao lugar a sensação foi verdadeiramente estranha, pois era o único brasileiro no resort e provavelmente o único na região, o que venhamos não é muito comum. Porém, após me identificar e me apresentar como brasileiro, percebi a calorosa e amigável recepção que me foi dada, mas não sem antes mencionarem o futebol.

É incrível como um pais e seu povo tem sua identidade tão ligada há algo. Não que isso seja alguma novidade, pois nós brasileiros estamos bem acostumados com essa associação, mas o que me surpreendeu foi a mudança de foco. Lembro, que quando eu dizia ser brasileiro, o que eu ouvia era uma lista de nomes:  Ronaldinho, Kaká, Ronaldo, Rivaldo, Roberto Carlos… Agora, raramente ouço um Neymar, mas repetidamente tenho que explicar o que aconteceu na última Copa do Mundo.

Não que há paixão pelo nosso futebol tenha acabado, mas é que agora não somos mais o único país do futebol, e pior, não “fabricamos” mais craques. Se antes era normal ver a camisa verde amarela em qualquer lugar, e os nomes do craques brasileiros estampados nas camisas de Real Madrid, Barcelona, Milan, Inter, hoje isso já não é mais tão comum, ou melhor é uma raridade.

O futebol sempre foi e continua sendo para o Brasil como uma grande peneira. Pois, ele sempre encobriu ou peneirou toda a sujeira e problemas que o país teve. Os grandes craques que produziu, os títulos que a seleção ganhou, as jogadas inesquecíveis, tudo isso acobertava a violência, a corrupção, a pobreza e todos os outros problemas, mas agora que o futebol deixou de encantar, todos esses assuntos estão vindo à tona, deixando à mostra a parte feia do nosso país.

O futebol não é a única virtude do Brasil, como os jogadores não são o único tesouro também, mas é inegável o bem que esse esporte fez e faz a imagem do nosso país. Seriamos apenas mais um povo vindo de um grande país, se não fosse pelo futebol e alegria que este trouxe, não só a nós mas a todo mundo. Por isso, não me estresso, nem me chateio quando alguns se surpreendem quando digo que o Brasil não é só futebol, mas é uma das maiores e mais importantes economias do mundo, e que não “fabrica” apenas Ronaldos, Ronaldinhos e Neymars, mas também produz mão de obra qualificada em todos os setores.

Porém, ser o país do futebol não é um estereótipo, pois sem ele com certeza não seriamos tão bem recebidos pelo mundo. Por isso, torço para que o nosso futebol consiga dar a volta por cima, e que volte a encantar, não para acobertar os problemas que temos, mas para enaltecer as diversas virtudes da nossa terra. E porque não, para tornar minhas próximas férias mais agradáveis, voltando a falar dos grandes jogadores do país, e não mais tendo que explicar, o inexplicável jogo contra a Alemanha.

Por: Tico Silverio

Twitter: @ticosilverio

Foi jogador das categorias de base do U.E.C, e de times amadores de Uberlândia.