Estar só é sinônimo de solidão para você?

 Estar só é sinônimo de solidão para você?

Você já se perguntou porque algumas pessoas conseguem ir ao cinema, viajar ou até mesmo ir a algum restaurante jantar sozinho e ainda assim se sentirem bem? Ficar sozinho é ótimo, mas se sentir sozinho pode ser uma experiência horrível para alguns.

Adiferença entre se sentir só e estar só está diretamente ligado a maturidade de identificar-se como um ser de relação, não em uma relação de dependência ou co-dependência, mas de liberdade, ou seja, entender que o outro não é unicamente responsável pela sua felicidade. Quando se entende que estar sozinho pode re-presentar prazer, essa interpretação vai ganhando outra forma, outras características e também novos significados. Neste processo se entende que estar com o outro não é uma necessidade, mas uma escolha, não existe dependência.

Sentir-se solitário não depende de quantidade de amigos, network ou quantos relacionamentos possuímos, depende inteiramente da qualidade subjetiva das trocas emocionais que fazemos com as pessoas ao nosso redor. Podemos estar cercados por um grupo imenso de pessoas e, mesmo assim, nos sentirmos sozinhos. A solidão não é a ausência da realização de determinados desejos ou fantasias, mas principalmente a anulação de determinado potencial ou habilidade.

O ser humano descobriu por si mesmo que apesar de todas as dificuldades, necessita se relacionar com seu meio, se não o fizer deverá arcar com determinadas consequências. O estado constante de isolamento ou solidão acaba acarretando diversos comportamentos destrutivos, como por exemplo: distúrbios de personalidade, vícios e uma tendência auto destrutiva. Porém, o sentimento de solidão pode ser um alerta para a busca de companhia, assim como a fome, a sede e o sono são alertas que o corpo está precisando de alguma coisa. Ter um grupo de amigos é uma necessidade do ser humano.

A solidão pode revelar nossas ambições de prazer não consumadas, uma espécie de morte da vontade própria, onde a impotência impera e o indivíduo já não mais controla seu fluxo de emoções positivas. Temos de perceber que numa era onde o desejo de poder e status social prevalecem, não poderia haver um sentimento mais disseminado do que a solidão, pois esta representa a importância que damos aos nossos sentimentos e ao sentimento das pessoas ao nosso redor.

Estabelecer nossas prioridades é o desafio de todo o conflito atual e também do futuro. É sempre ingrata a missão de resolver determinado pro-blema quando estamos as portas de um intenso e doloroso sofrimento. Podemos denominar que sem que percebamos, colaboramos inconscien-temente para que questões muito temidas, realmente aconteçam, criando um mecanismo que se auto reforça e se concretiza.

A solidão nos deixa dois legados à nossa esco-lha: a possibilidade da reflexão e consequente mudança de atitude ou a teimosia e reforço no sentimento de superioridade, nesse estágio o orgulho torna-se mais uma companhia, dissimulando a total fragilidade e debilidade.

A solidão se torna enfaticamente uma doença quando cria um estado de negligência no individuo, fazendo com que a mesma julgue positivo, produtivo e até viável o estar só, pensando tirar proveito do fato de não estar tendo trabalho ou esforço para estar com o outro ou procurar ajuda. Não há nada pior do que iludir sua (in)satisfação.

Não existe segredo, o que deve existir é coragem, uma grande disposição para se conhecer, se permitir, trocar experiências, observar (sem julgar) e descobrir tudo aquilo que você é ou como deseja ser.


Por: Carla Martins
Psicologa clínica com atendimento individual e casal
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